segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

BIKE - Quebra do guidão

          Adorava o seriado "Os Normais" da rede globo e um dos momentos mais marcantes foi justamente no primeiro episódio onde o Chevette do amigo do Rui capotou e ele soltou a célebre frase: "MERDAS ACONTECEM..."



       



          Foram raríssimas as vezes que eu cai de bike na vida. Estou falando de tombos de verdade: aqueles que, por um abuso, descuido ou força maior você se vê numa situação onde o "mundo começa a passar em câmera lenta". Na verdade eu me lembro de apenas dois.

         A bicicleta sempre teve um papel importante na minha vida... desde cedo eu adorava passar o dia pedalando pelo bairro com os amigos e ir para o clube ou algum outro lugar com a magrela. Sempre tive um equilíbrio muito bom e nunca fui uma pessoa muito arrojada de fazer peripécias. Mas gostava também de alguns desafios... e, dentre todas as "modinhas" que surgiam entre os amigos para se fazer com a bike como pedalar de costas, surfar em cima da bike com um pé no guidão e o outro no banco, e outras manobras de BMX que eram sucesso na época, uma que ficou famosa era pular da bike em movimento, correr um pouco ao lado dela e depois montar novamente, tudo em movimento. Uma das vezes que estava executando esta manobra não me atentei que a rua de casa estava inteira esburacada, e quando eu já estava correndo ao lado da bike ela pegou um buraco e começou a pular como um cavalo bravo. Ao tentar pegá-la pra montar de volta, acabei tropeçando e me enroscando com a bike... daí pra frente a cena fica em câmera lenta: eu começo a cair por cima da bike, depois saio rolando e então a bike capota por cima de mim e a cena se repete por algumas vezes até que o mundo para de rodar. Não foi um grande acidente, pois não quebrei nada, apenas vários ralados "normais" para a época.

          O segundo acidente que eu me lembro já foi um pouco mais tarde... eu deveria ter uns 12 ou 13 anos. Na época tinha uma Monark 10 que pra mim era o que o pessoal chama hoje de ciclocross, pois andava com ela em qualquer lugar seja de asfalto ou de terra. Eu estava indo em direção a Mogi das Cruzes pela estrada da Pedreira, que na época era de terra, e lá pelo meio do caminho eu levantei para pegar impulso. A coroa maior estava engatada e no momento que fiz força os rebites que a  fixam na menor estouraram e o pedal girou em falso. A partir daí a vida ficou novamente em câmera lenta... rolei por cima do guidão e fui cair quase de cara no chão. Por sorte consegui colocar meu braço direito pra frente o que evitou um estrago no rosto ou mesmo que eu batesse a cabeça. Apesar de não ter quebrado o braço me lembro de ter ficado muito dolorido e ter sangrado bastante pois tinham muitas pedras soltas.

          Além do fato de ser bem jovem, o fator principal por eu não ter me machucado bastante nestes dois acidentes foi de pesar praticamente um terço do que eu peso hoje...as leis da física não se alteram com o passar do tempo, mas a gente sim... hahaha

          Fiquei alguns anos longe das bikes. Principalmente na época do colegial e faculdade, mas quando voltei a pedalar já depois de adulto o mundo já era outro. Agora pra se pedalar usa-se bermuda apropriada para ciclistas, luva, capacete é óculos. Isso é o mínimo para ser aceito em qualquer roda de ciclistas... mas eu me acostumei a isso e acho até estranho quando saio sem estes equipamentos.

          Pois bem: esses dias resolvi dar uma "volta no quarteirão" bem de boas só pra desestressar o dia e do jeito que eu estava sai pra pedalar: regata, bermudão e um boné. E estava passeando tranquilo por perto de casa quando fui descer da calçada pra rua e o mundo virou um borrão!

          A sensação foi muito estranha. A única coisa que posso comparar, se é que dá pra usar esta expressão, é tomar um choque 220V. Por uma fração de segundo não aconteceu o que estava previsto para acontecer e o cérebro demorou este tempo para entender que eu estava caindo. Como quebrou a metade direita do guidão, a mão esquerda ficou no mesmo lugar e eu fui catapultado pra frente mas já virando uma cambalhota meio que na diagonal pra direita. Só fui realmente entender que era um tombo quando meu ombro direito já estava a menos de meio metro do chão . Neste ponto eu percebi que a mão direita ainda esta segurando a parte quebrada do guidão e então eu soltei e tentei levá-la pra frente pra proteger o ombro e a cabeça do impacto... mas não deu tempo. A primeira pancada foi no ante-braço direito no sentido de cima pra baixo (do ombro para o cotovelo) e na mesma hora percebi que alguma coisa quebrou la dentro. Mas antes que eu pudesse sentir alguma dor bati com a cabeça no chão um pouco acima do lado direito da testa e a sensação foi de uma marretada muito forte seguida de um barulho de sino muito agudo.

          Dai pra frente não consegui reagir a mais nada! Só sentia meu corpo rolando e batendo pelo asfalto, a bike ora passando por cima de mim, e tudo isso foram apenas flashes... até que o mundo parou. No mesmo instante parou um motoboy que pegou minha bike no meio da rua e colocou perto da calçada e depois veio me dar a mão pra que eu me levantasse. Mas como estava tonto, com um zumbido de sino na cabeça e não sabia direito o que tinha acontecido comigo, falei pra ele que não iria levantar. Ao mesmo tempo chegou uma senhora que estava num bar do outro lado da rua e um senhor que estava passando de carro. Os dois não paravam de me fazer perguntas e eu não conseguia raciocinar, pois ja estava sentindo a dor do ombro que estava se sobrepondo à dor de cabeça. Eles queriam chamar um SAMU, mas agradeci e disse que ligaria para minha esposa vir me pagar o que foi que eu fiz... Aos poucos consegui sentar e me arrastei até a guia  onde sentei.

          Enquanto esperava ela chegar comecei a entender o que tinha acontecido e a mexer todas as partes do meu corpo para saber se tinha algo a mais quebrado. Sempre tinha ouvido falar que o cérebro entende apenas uma dor no corpo e isso realmente é verdade. Acho que a pancada na cabeça, apesar de não ter trincado foi algo muito assustador e dolorido, mas o que aconteceu no ombro (rompi os ligamentos) foi algo mais catastrófico e eu já não estava sentindo mais a dor de cabeça.

          Bora pro hospital e em menos de uma semana já estava operado, com uma tipóia no braço e proibido de praticar qualquer tipo de atividade pelos próximos três meses... não vai ser fácil!




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