sexta-feira, 22 de julho de 2011

MOTO - Viagem pela Serra da Canastra

Uma reportagem sobre a região
http://pt.wikipedia.org/wiki/Serra_da_Canastra

          Impressionante como certas coisas acontecem: estava há muito tempo com vontade de conhecer a o Parque Nacional da Serra da Canastra no extremo oeste de Minas Gerais. Adoro este tipo de contato com a natureza, cachoeiras, estradas de terra, ar puro. É apenas uma necessidade urgente de sair desta bolha de poluição e stress que a gente vive.

           Já havia falado várias vezes com a família pra fazermos uma viagem pra lá, mas como no meio do mato não tem shopping sempre fui voto vencido. Então tomei a decisão de ir de moto. Comecei a conversar com os amigos do motoclube, mas ninguém se interessou pelo lugar. Talvez pelo parque não ser muito conhecido, o pessoal acabou dispersando sugerindo outros passeios como Chapada Diamantina e até mesmo Foz do Iguaçu.

Link que do mapa que eu criei no Maps --> http://g.co/maps/vmjxw
           
          Como era final de 2010 planejei ir sozinho mesmo em fevereiro de 2011 e numa das conversas com o Goy ele ficou com vontade de ir também, mas de V-ROD não tinha como. Aí chegou fevereiro e o projeto no trampo ainda estava bombando e não consegui tirar férias. Remarquei pra março... depois abril. Em maio precisei fazer uma viagem a trabalho e quando voltei em junho o Goy já tinha trocado de moto e pegado uma GS1200. Só faltava marcar a nova data. 

          Nesse meio tempo meu pai pegou uma Ténéré 250 e o Adriano também falou que iria com a gente, mas acabou tendo prova no curso bem no dia da viagem e desistiu.

          Acabamos marcando no final de julho pensando também no período de seca, mas a previsão do tempo não parecia a nosso favor, pois a semana anterior teve bastante chuva. Mas acabamos dando sorte e não pegamos chuva nenhum dia, apesar de estar sempre encoberto e com muitas nuvens.

          Saímos na sexta-feira cedo e a primeira alteração no roteiro aconteceu em função do meu pai precisar fazer a revisão da Ténéré no meio do caminho. Escolhemos Ribeirão Preto pois assim mataríamos dois coelhos com uma paulada só: deixamos a moto na concessionária e fomos pra Pinguim!!!


Parada na Rod. Dom Pedro
Choperia Pinguim

Parecendo um motoboy :)

Moto revisada e pronta pra guerra!!

          No sábado de manhã pegamos a moto logo cedo e saímos em direção ao parque. Tínhamos que acelerar no asfalto (+/- 200km) pois ainda pegaríamos uns 80km de terra e, como estava prevendo uma velocidade média de 20km/h na terra em função das paradas pra foto, descansar, curtir a paisagem tínhamos pela frente pelo menos uns 4hs só de estrada de terra.

          Chegamos em São João Batista do Glória (entrada sul do parque) por volta do meio dia, achamos um restaurante muito gostoso próximo à ponte sobre a Represa do Peixoto e comemos um bife a parmegiana (!). Mal terminamos de comer, não tivemos tempo de curtir as redes que estavam bastante convidativas, pois a ansiedade de entrar no parque e pegar terra era muito grande.

(!): Apesar de estarmos num restaurante típico de peixe, é difícil convencer o Goy a comer peixe...



Rodovia Altino Arantes

Restaurante em SJBG (Represa do Peixoto)

Bife à Parmegiana (!)

Começo da estrada de terra (Eu tirando fotos)

          Pegamos a estrada para Delfinópolis. Depois de uns 12km viramos à direita em direção ao Chapadão da Babilônia onde iriamos conhecer um dos pontos curiosos do parque: a Serra Calçada.

          No meio deste trecho nos deparamos com o primeiro obstáculo: uma ponte quebrada! Ainda bem que decidimos ir em julho. Em Fevereiro não teria como passar pelo rio.

Indo em direção a Serra calçada

Primeiro obstáculo: ponte quebrada

Muitas subidas e descidas com paisagens deslumbrantes

Todo o percurso pela Chapada e pelo Vale da Babilônia
é possível ser feito com carro normal. (sem tração nas 4 rodas)

A única desvantagem nesta época é a poeira,
mas ainda é melhor do que barro.

Serra Calçada. Não parece, mas ela é bem íngreme.

Pausa no topo para descansar, fotos e apreciar a vista. 

          A vista no topo da Serra calçada não é tão bonita, mas mesmo assim vale a parada pra tirar umas fotos. Ela é bastante íngreme, mas muito fácil de subir, provavelmente era algo tão impossível e por isso foi "pavimentada".

          Terminando de subir a serra entramos no Vale da Babilônia. Ele parece um leito de rio entre duas cadeias de montanhas. Hás bastante sítios e algumas pousadas, mas apesar da beleza, sem dúvida não é o melhor do parque.

          Estávamos ansiosos pra chegar na tal da Serra Branca, segundo obstáculo que teríamos pela frente. Esse realmente era o único ponto que me preocupava, pois tinha visto uns vídeos no Youtube e não tinha chegado numa conclusão se seria fácil ou não, pois hora via motos descendo com garupa, hora uns caras com motos trail se matando pra subir.



Entrando no Vale da Babilônia

Nem tiramos as jaquetas, pois o clima estava bem agradável  pra pilotar.

Enfim a tal da Serra Branca

          Nas fotos não fica evidente o quanto ela assusta olhando de baixo. É uma parede que tínhamos que "escalar", mas que no final das contas não passou de uma preocupação atoa. Ela estava em excelentes condições e sem erosões que pudessem dificultar a passagem, mas não daria pra passar um veículo sem ser 4x4 ou uma moto sem ser trail. Tinha trechos bem inclinados e a quantidade de poeira fazia a moto escorregar muito.

          Claro que chegando ao topo paramos para a seção de fotos. Inclusive uma das fotos mais sensacionais que tiramos foi uma com nós três abraçados no topo da serra. A sensação entre nós era a melhor possível, como se tivéssemos acabado de vencer uma guerra, tal a preocupação que tínhamos. Infelizmente não conseguimos curtir muito a paisagem pois o vento estava bastante forte e frio. 



No topo da Serra Branca, uma das fotos mais sensacionais que tiramos!!!
Atrás de nós o Vale da Babilônia, de onde viemos.

Claro que das nossas companheiras também!!
Atrás delas para onde iríamos.

Ponto de tomada de decisão:

          Depois de andar um pouco sobre as nuvens (é esta a sensação que se tem neste trecho do parque) chegamos a um ponto onde tínhamos de tomar uma decisão: Pela esquerda desceríamos o Morro do Carvão e pelo que eu tinha visto e lido a respeito seria um caminho fácil mas um pouco água com açúcar. Pela direita tive a informação da dona da pousada que reservei que a Serra do Rolador tinha apenas um pequeno trecho ruim, mas segundo ela, como iríamos de moto trail "passaríamos numa boa".

          O problema é que ela entendeu que tínhamos motos de trilha (equipados com pneus próprios) e não motos de rua com pneus quase slick (caso a GS do Goy). Bom, passamos por alguns trechos bem ruins, com muitas pedras soltas e poeira em excesso que fazia a moto patinar muito, mas no final acho que valeu a pena pelo visual. Na minha opinião um dos mais lindos de todo o parque, principalmente quando já estávamos perto de descer a Serra do Rolador para sair em São José do Barreiro.

          A Serra do Rolador tem este nome devido a um "cidadão" que resolveu descer com uma pick-up carregada e, óbvio, faltou freio e desceu rolando pela ribanceira. 

Neste ponto ainda andando no topo da
montanha em direção a Serra do Rolador

Andamos por cima das montanhas por um longo trecho em direção
a  São José do Barreiro, último vilarejo antes de chegarmos ao hotel.

Começo da descida da Serra do Rolador

Parada pra descanso e fotos no meio da Serra do Rolador

          Chegamos em São José do Barreiro umas 18hs, exatamente quando escureceu de vez. Era o que eu tinha planejado, mas sinceramente no meio do caminho já não acreditava mais que conseguiríamos. Daí pra frente até a pousada foi tranquilo por estradas de terra principais onde passa até ônibus escolar. Mas não sem passar por alguns sustos em mata-burros quebrados.

          Chegamos na Pousada Fazendinha da Canastra ( http://www.fazendinhadacanastra.com.br ) uma meia hora depois completamente exaustos. Afinal estávamos pilotando desde as 9hs da manhã praticamente só com a parada pro almoço. No final meu pai nem estava aguentando mais descer da moto pra abrir as porteiras.

          Os donos da pousada são muito simpáticos e o ambiente é extremamente agradável. Bem rústico e simples mas muito aconchegante, meu pai já fez amizade com o pessoal e enquanto tirávamos a bagagem das motos ele foi buscar um copo de pinga pra gente dar uma relaxada. O engraçado é que a gente virou o copo tão rápido que ele precisou voltar lá e pegar outro, pois a gente nem sentiu direito o gosto da pinga. Hahaha



Janta light (!)

Café da manhã light (!!)

Ovos light com queijo light no fogão de lenha light (!!!)

          Depois de uma noite bem dormida pra recuperar o cansaço do dia anterior, tomamos um café da manhã reforçado e partimos para conhecer o principal ponto turístico da região: A cachoeira Casca d'Anta.

          "A Cachoeira Casca d'Anta é a maior queda do Rio São Francisco e se forma quando o Rio da Integração Nacional deixa o seu "berço" na Serra da Canastra, em Minas Gerais.
          Localizada em São José do Barreiro (MG), distrito que fica a 38 quilômetros de São Roque de Minas, é formada por 186 metros de queda d'água e está emoldurada em uma parede de rocha de cerca de 340 metros de altura."


Minha Negona e a Casca d'Anta ao fundo.

Entrada para a Portaria Sul do Parque

Com 5 meses de atraso em relação ao cronograma original,
chegamos lá!!! Mas sem dúvida nenhuma valeu a espera!!

Entrando na área protegida do parque há uma
caminhada bem leve de 1km até a cachoeira.

Mas sem dúvida o melhor do passeio foi a companhia!!!

Paisagens inesquecíveis.


Enfim ela. Pena que estava frio demais pra entrar no lago.


José e Luiz

José e João

          Pedimos umas indicações para o pessoal do hotel de lugares pra visitar e almoçar  rodando pela parte baixa do parque, já que naquele dia estávamos cansados para subir a serra até a parte alta. 

          Recomendaram que, além da Casca d'Anta, continuássemos a voltar até o Morro do Carvão, já que não tínhamos passado por lá na vinda e entrar pelo vão dos Cândidos, um vale entre a cadeia de montanhas do parque e a Serra da Babilônia.

          No topo do Morro do Carvão tem um restaurante que parece um barracão abandonado, mas chegando perto percebemos que ele mantem as portas sempre fechadas por causa do vento frio que sopra constantemente e deixa o interior do restaurante parecendo uma geladeira. Pedimos um PF bem à mineira com torresmo e tutu de feijão. Por incrível que parece foi uma das refeições mais gostosas que fizemos.

Subindo o Morro do Carvão

Estrada muito bem conservada, mas quando chove só de 4x4.




Topo do Morro do  Carvão (Vão dos Cândidos ao fundo)

Restaurante no Morro do Carvão

Vista do topo do Morro do Carvão (a cadeia de montanhas à esquerda
é o paredão do Parque Nacional  e lá na ponta onde termina a
 montanha é o local da Casca d'Anta

          Depois do almoço ficamos admirando um pouco a paisagem e o pessoal resolveu voltar pro hotel e descansar o resto da tarde. Como chegamos no hotel umas 15hs ficaria tarde pra subir a serra pra conhecer a parte alta do parque, mas resolvi dar um role até Vargem Bonita pra ligar pra família. Qual a surpresa minha quando chego na cidade (  http://pt.wikipedia.org/wiki/Vargem_Bonita_(Minas_Gerais) ) que tem pouco mais de 2000 habitantes e descubro que tem wifi grátis em toda a cidade!! Claro que aproveitei pra colocar umas fotos no FB. :)


Marcando território

Matriz de Vargem Bonita

Descanso merecido!! 

Saindo da pousada pra ir embora.

Passamos por ele também!!

          Já que conhecemos a nascente, agora teremos de conhecer a foz!!!

          Decidimos não fazer correria na volta e dividi-la em duas etapas. Então olhamos no mapa e resolvemos parar em Poços de Caldas. Passamos por estradas muito bem conservadas e outras nem tanto, mas não tivemos nenhum contra tempo. As paisagens por esta região são muito bonitas também!


Parada pra um descanso.

Mais uma mudança de roteiro. Paramos em Poços de Caldas

Grande Hotel em Poços de Caldas

Em casa, comemorando a aventura.

          Pra mim este passeio foi o mais gostoso que já fiz, não apenas pelos lugares maravilhosos que fomos, mas principalmente por encarar esta aventura com meu pai e meu irmão!!! E era pra eu ter ido em fevereiro sozinho... vai entender... 

2 comentários:

  1. fala joão meu brother, eu tenho lido suas postagens em particular as de motos que me fascinam muito apesar de eu não ter uma ,, mais tenho um amigo daqui do rio de janeiro chamado genesse que é lider de um grupo de motociclista se não me engano chamado gavios e que acabaram de chagar de uma viagem a argentina, espero que não se importe que eu vizite periodicamente seu blog para acompanhar seus relatos , um forte abraço

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    Respostas
    1. Fala Peter! Sempre adorei 2 rodas desde criança... agora estou voltando um pouco com a Bike, pois fazia anos que não tinha uma. Espero em breve fazer umas cicloviagens e quem sabe ir até o Rio :)
      Seja bem vindo e também estou te acompanhando pelo seu Blog!!
      Grande Abraço!

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